Bem-vindos de volta!
Se leram o último artigo, já sabem que estamos na fase em que vamos adquirir uma imagem do seu corpo que usamos para fazer o planeamento do seu tratamento. É uma imagem de TAC (já agora e a título de curiosidade TAC significa Tomografia Axial Computorizada) mas com algumas particularidades que a fazem diferente das demais que possa já ter feito.
Uma dessas diferenças está na posição em que se vai deitar na marquesa do equipamento. De facto, para fazer este procedimento não se vai simplesmente deitar e existem algumas (boas) razões para isso.
A primeira tem a ver com o que vamos tratar. Como viram no primeiro artigo, para além da mama, poderemos ter que tratar algumas áreas ganglionares linfáticas na zona da axila e da clavícula. Ora se fosse um “simples” deitar ficaria com os braços ao longo corpo e, como tal, junto à mama e axila. Esta posição impedir-nos-ia de executar o tratamento destas áreas sem irradiar também o braço causando um desnecessário prejuízo para si.
Na verdade, para além desta óbvia vantagem está aqui em funcionamento um dos princípios da proteção radiológica aplicada aos nossos tratamentos. O princípio da otimização. Se quiser saber mais sobre proteção radiológica é só seguir por aqui.
A segunda deriva da primeira. Isto é, se os braços não podem ficar para baixo, pedir que levante os braços não é uma posição lá muito estável e até difícil de aguentar, pelo que o mais provável é que acabasse por se mexer. Assim, fazemos uso de acessórios que permitem que fique com braços acima da cabeça e, igualmente importante, numa posição mais confortável.
Estes acessórios ajudam-nos também a respeitar um dos principais pilares da radioterapia – a reprodutibilidade. É uma palavra grande que se traduz no seguinte. A posição em que vai ficar deitada será a posição na qual vamos planear o seu tratamento, sendo, portanto, muito importante que durante os tratamentos volte a ficar nessa mesma posição. Estes acessórios facilitam esse processo procurando mantê-la o mais confortável possível. Se quiser saber mais sobre reprodutibilidade siga por aqui.
De barriga para cima ou de barriga para baixo?
Esta é uma pergunta que há muito acompanha a radioterapia da mama. Ambas têm vantagens e desvantagens ficando a decisão um pouco dependente das convicções de cada instituição e dos profissionais que lá trabalham. As diferenças acontecem por diversos fatores técnicos, mas quero deixar claro que em termos de eficácia do tratamento, ambas as posições são iguais em termos de resultados. Dito isto devo dizer que a vasta maioria deste tipo de tratamentos no mundo é feita de barriga para cima e o nosso país não é exceção.
Barriga para baixo
Na posição de barriga para baixo é usado um acessório que é colocado em cima da marquesa do equipamento e que possui um orifício na região do peito no qual é introduzida a mama a tratar. Isto faz com que a mama se assemelhe a um pêndulo afastando-a assim, por ação da gravidade, da grelha costal, do pulmão e do coração (quando a mama a tratar é a esquerda)
Barriga para cima
De barriga para cima é usado um acessório a que chamamos um plano inclinado. Este dá-nos a possibilidade de ajustar o ângulo em que se vai deitar face à marquesa do equipamento, obtendo ganhos ao nível do posicionamento da mama e proteção do pulmão e coração (caso a mama a tratar seja a esquerda).
Ambos os acessórios possuem estruturas para facilitar a posição dos braços ficando assim mais confortável com o ganho de que não se mexerá durante o tratamento.
Esta fase é grande importância! Estamos nesta altura a definir o posicionamento para todo o tratamento pelo que é de grande importância que participe ativamente neste processo e responda sinceramente às perguntas que lhe vão sendo feitas. Se existe algo que esteja a perturbar, a causar desconforto ou que veja que possa vir a ser um problema deve informar o radioterapeuta que está consigo.
Estamos lá a trabalhar para si.
3 respostas
Gostei muito de ler os artigos. Muito claros e explícitos.
Fiz radioterapia à pouco tempo e procurei informação. Este artigo foi o melhor que li.
Obg!
Olá Carla,
Fico feliz por ter gostado dos artigos ao qual junto um sentimento de realização.
Todo este meu projecto tem como intuito chegar a pessoas como a Carla que, através dele, retiram o que necessitam para si mesmas podendo assim ter um papel mais activo nos seus tratamentos.
Vá passando por cá que eu vou continuando a ter novidades!
Ainda não fiz Radioterapia,mas está para breve,uma vez que já tenho consulta de radioterapia marcada para o mês de Fevereiro.
Fui operada a mama( direita ) limpei só o quadrante e tirei 12 gânglios linfáticos na axila.
E gostei bastante do que li.