Braquiterapia

Video cedido por Elekta

Braquiterapia

Vem do Grego “brachy” que significa “proximidade”. A braquiterapia define-se como uma forma de radioterapia de curto alcance e de proximidade fazendo dela uma terapia completamente local.

Historicamente foi a primeira forma de radioterapia usada para tratar doenças. Uma fonte radioactiva era colocada directamente sobre a pele até que esta ficasse vermelha, naquilo que era conhecido pela “dose eritema”. 

Pode parecer um pouco estranho esta abordagem, mas estávamos no início do século xx e a descoberta da radiação x era recente. Na verdade, esta descoberta foi vista pela sociedade como milagrosa e dado o completo desconhecimento das consequências à sua exposição, a indústria incorporou elemento radioactivos em praticamente tudo. Água, comida, cosméticos, enfim… de tudo um pouco. Vivia-se de facto uma febre de radiação.

Como é feita?

Dizer que é um tratamento de proximidade e de curto alcance diz pouco sobre como são feitos os tratamentos de braquiterapia. Comparando com a radioterapia externa são tratamentos mais invasivos requerendo em alguns casos uma sedação para realizar os tratamentos.

É feita recorrendo a particularidades de algumas fontes radioactivas ou fazendo uso de mini feixes de radiação. Em ambos os casos são usadas energias muito baixas (quando comparadas com as dos aceleradores lineares) e cujo alcance é muito curto. Na verdade e como consequência desse facto, para conseguirmos tratar tudo o que queremos, é necessário colocar a fonte de radiação em vários locais separados entre si de alguns milímetros. Só assim conseguimos fazer um tratamento num tumor com alguns centímetros.

Para fazermos chegar a fonte radiação ao local que queremos tratar, mais coisas são necessárias. Na verdade, a fonte de radiação não é colocada directamente no local que queremos tratar. Para além de ser muito pouco asséptico existia o perigo muito real de a fonte poder partir-se e ficar dentro dos tecidos com graves consequências. Por isso é necessário deixar aqui bem claro isto. Com excepção feita a alguns tratamentos em que é esse o objectivo, a fonte de radiação nunca entra em contacto directo com os tecidos!

Nos casos em que esse é o objectivo as fontes radioactivas usadas são preparadas para tal. São fontes com um vida curta e actividade baixa pelo que são perfeitamente seguras para esse fim. As fontes de radiação usadas na radioterapia não são todas iguais, sendo ajustadas ao tratamento em questão.

Dito isto, para fazermos chegar a fonte de radiação ao local a tratar é introduzido material vector que pode ter diferentes formas em função do tratamento que se pretende fazer. Na sua forma mais simples é algo semelhante a um fino tubo oco, podendo ser um cilindro ou até uma espécie de balão de material rígido.

Com 100 anos de história, a braquiterapia é em si um mundo de variedade. Diferentes fabricantes têm diversos materiais vectores (por vezes conhecidos como aplicadores) e diferentes filosofias sendo muito difícil identificá-las a todas. Mesmo falando de método este pode ser também muito abrangente dada a versatilidade da técnica. 

Se vai fazer braquiterapia fale com o seu médico e esclareça todas as suas questões sobre o seu tratamento. Ele será sempre a melhor pessoa para lhe poder explicar as particularidades do tratamento que vai aplicar.

Formas de Braquiterapia

A braquiterapia pode ser subdividida em função da forma como é aplicada podendo ser classificada como intracavitária, intersticial e endoluminal. Fiquem comigo para simplificarmos estes termos.

Braquiterapia Intracavitária

Intracavitária. Já nos diz algo. Esta técnica consiste em tratar com radiação aproveitando cavidades naturais do corpo.

O exemplo mais comum da aplicação desta técnica é nos tumores ginecológicos. Não entrando em muitos detalhes, é introduzido na vagina um aplicador que visa fazer chegar a radiação à área a tratar. Finalizado o tratamento tudo é retirado sendo estes considerados implantes temporários.

Braquiterapia Intersticial

A braquiterapia intersticial consiste na irradiação de tecidos colocando o material vector no interstício dos tecidos. 

Um exemplo desta técnica poderá ser o tratamento de tumores de próstata através de pequenas fontes radioactivas inseridas através do material vector directamente na próstata. Estas fontes têm um curto alcance e uma vida relativamente curta administrando a radiação ao longo do tempo. Estas pequenas fontes, conhecidas na gíria como “sementes”, ficam implantadas na próstata mesmo depois de “perderem” a radioactividade pelo que são considerados implantes permanentes. 

No entanto nem todos os tratamentos instersticiais são permanentes. Vejam o caso dos tumores de pele por exemplo. Nestes não são usadas “sementes” mas antes uma aplicação de radiação de forma temporária e que pode ser administrada sob diferentes formas. Geralmente um material vector é também introduzido como forma de conduzir a radiação ou a fonte radioactiva directamente ao local a tratar. No final do tratamento tudo é retirado sendo, por isso, implantes temporários.

Braquiterapia Endoluminal

A braquiterapia endoluminal pode ser feita de forma semelhante à intersticial embora fazendo uso dos lúmens corporais. Por lúmen entende-se o espaço existente numa estrutura de forma tubular. Pensem num espaço que existe dentro de um qualquer tubo. 

A título de exemplo da aplicação desta técnica podemos falar nos brônquios. Tal como na intersticial é colocado material vector junto da área a tratar e através dele é introduzida a fonte radioactiva.

Quanto tempo dura o tratamento?

Devido à grande versatilidade da braquiterapia, dizer quanto tempo dura o tratamento é uma tarefa praticamente impossível de fazer aqui. Mas tentemos dizer mais alguma coisa sobre o assunto.

No que toca a tratamentos pode-se dizer que são geralmente poucos quando comparados com o número de tratamentos de radioterapia externa. Também aqui há que introduzir o objectivo do tratamento. Um tratamento de radioterapia (externa ou braquiterapia) tem diferente duração caso seja feito num contexto após cirurgia, quimioterapia ou se for um tratamento que vai actuar sozinho. Independentemente desse facto, a braquiterapia pode ser usada como tratamento de radioterapia único ou associado à radioterapia externa pelo que diferente número de tratamentos podem ser necessários.

Quanto à duração de uma fracção do tratamento, também aqui há um mundo de possibilidades. Naturalmente a duração de uma fracção do tratamento está dependente da dose que se pretende administrar, mas não é só. Está também dependente da profundidade que queremos atingir. Como a radiação é de curto alcance, necessitamos de mais tempo para chegar a mais profundidade. Estes são factores clínicos.

Temos depois factores físicos decorrentes da fonte de radiação que estamos a usar. Neste caso podemos falar da taxa de dose. Esta mais não é do que a “quantidade de radiação” que a fonte liberta num intervalo de tempo. Com isto, fontes de baixa taxa de dose levarão mais tempo a depositar a mesma dose do que fontes de alta taxa.

Um outro factor é a actividade de uma fonte radioactiva usada para fazer o tratamento. Na secção sobre radiação podem ver como a radiação não é mais do que a transferência de energia. O que acontece numa qualquer substância radioactiva é a emissão de radiação como forma de libertar energia em excesso, pelo que, quanto mais liberta menos vai tendo para libertar. Por outras palavras a fonte vai-se gastando e com isso o mesmo tratamento vai levar um pouco mais de tempo de dia para dia.

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