“Tens nas tuas mãos uma pequena jóia. Um desses livros que nos ligam a valores que nunca deveríamos perder: valores como a unidade e o optimismo, que tanto melhoram o cuidado do doente ou a gestão de uma organização, como a relação com os colegas”
É assim que começa o livro cujo titulo é também o deste artigo. Um livro com 297 páginas mas que se lê em muito pouco tempo (e não é porque estou a ser optimista!). Como? Porque é um livro escrito como um livro infantil que, tal como os livros infantis devem fazer, nos levam a entrar na imaginação e a sonhar com coisas, ás vezes simples, mas que na realidade nos parecem impossíveis.
“Coloca amor em todas as coisas que fizeres”
Porque é que és hoje um profissional de saúde? O que te levou a passares anos a estudar para ires trabalhar na saúde? É isso que te faz levantar da cama todos os dias para ires trabalhar? Estás feliz com a tua situação profissional? Estas são perguntas que todos nos fizémos em algum ponto da vida profissional mas…

É aqui que o livro nos lembra que uma organização de saúde é muito mais do que os edificios ou os equipamentos. São as PESSOAS que marcam a qualidade dos cuidados prestados.
Somos levados por uma história que nos leva a (re)descobrir como as pessoas são importantes, poderosas e que são elas a força que contagia sorrisos no hospital. Que nos leva a pensar que
tu podes mudar o teu mundo…
Porquê? Felicidade! “A felicidade é uma porta que se abre para fora”… porque do outro lado estão os outros!

Enquanto profissionais de saúde estamos rodeados de pessoas que estão em rotura com as suas vidas. Que precisam de nós. Temos, por isso, inúmeras oportunidades de os ajudar e, portanto, de podermos ser mais felizes no nosso trabalho.
O livro partilha uma história, que é na verdade um conto, e que partilho aqui.
Estavam todos os animais na selva, quando, de repente, deflagrou um terrível incêndio. Todos os animais começaram a fugir rapidamente, menos o pequeno colibri, que começou a fazer frenéticas idas e vindas entre o rio e o fogo, levando umas gotas de água no bico. Ao cruzar-se com uma girafa ela disse-lhe: – Não te dás conta de que aquilo que fazes não serve para nada? O colibri respondeu: – Eu sei disso!! Mas faço a minha parte…

Isto que aqui vos deixei é um pequeno resumo das primeiras páginas do livro. Nas restantes, são-nos apresentados os heróis da história e como podem adivinhar o herói principal podem ser vocês. Não sozinhos pois as chefias e a gestão têm que estar todos alinhados para que isto resulte. Mas nós podemos sempre fazer a nossa parte.
É um livro cheio de ciência e teorias baseadas em investigação feita por pessoas, e é para elas, as pessoas, que este conhecimento deve ser posto ao serviço.
As estratégias e ferramentas que este livro também coloca ao nosso dispor são uma parte importante de como podemos tornar um hospital numa organização optitmista.
É um livro para ler e reler. É um livro para nos levar a uma introspecção sobre quem somos enquanto pessoas e enquanto profissionais de saúde. É um livro que pode ser intimidante mas que exorta o Capitão Optimista (têm que ler o livro) que há em nós e por isso é também um livro de esperança.
Se julgarem o livro pelas ilustrações, não se deixem enganar pela sua simplicidade, pois a tarefa em mãos é gigantesca. O que faz do livro também ele optimista. Mas se queremos ter cuidados de saúde centrados em pessoas e não em doenças, este parece-me um bom sítio para começar. Provoquemos a mudança. Tal como o colibri fez a sua parte também nós enquanto profissionais podemos (e devemos) fazer a nossa. Ousemos sonhar. Ousemos acreditar. É de baixo para cima que se criam mudanças com missão, com objectivo e capazes de mobilizar.
A gestão tem que fazer parte desta mudança e o livro ilustra isso mesmo. Mas por limitações pessoais ou de outra ordem, a ideia de que as pessoas são uma parte fundamental dos cuidados prestados parece ainda ferir muitas convicções. É preciso uma mudança de mentalidade, transversal a todos os intervenientes, na forma como se prestam cuidados de saúde. Porém, acredito que não faltam “Capitães Optimistas”, nem “Managers Positivos”. Tenho mais dúvidas nos “Gerentes Nariz Verde”…
Ousemos sonhar com hospitais optimistas!